No dia 15 de setembro, celebramos o Dia do Camiliano, uma data que pulsa gratidão, memória e compromisso. Não é apenas mais um dia no calendário, mas o marco de uma história que atravessa oceanos e corações. Em 1922, nesta mesma data, festa de Nossa Senhora das Dores, dois padres da Ordem dos Ministros dos Enfermos, o Pe. Inocente Radrizzani e o Pe. Eugênio Dalla Giacoma, chegaram ao Brasil vindos da Itália e trazendo consigo o carisma de São Camilo de Lellis e a missão de cuidar da vida na Terra de Santa Cruz.
Eles vinham movidos pela fé e pelo ardor da caridade que não conhecia fronteiras. O destino inicial era a Diocese de Mariana (MG), mas, diante de mudanças inesperadas, encontraram em São Paulo o novo campo para semear a misericórdia e o cuidado aos doentes. Era o início de uma missão que, ao longo de décadas, cresceria como uma grande árvore, oferecendo sombra, conforto e esperança a milhares de pessoas.
Hoje, o Dia do Camiliano não celebra apenas a chegada desses primeiros religiosos em terras brasileiras. Ele celebra todos que, inspirados por São Camilo, escolheram viver e servir com o “coração nas mãos”: profissionais da saúde, educadores, agentes pastorais, religiosos, leigos, voluntários e todos os que, de forma direta ou indireta, assumem a missão camiliana. Unidos, formamos uma grande família que cuida da vida em sua totalidade – corpo, mente e espírito – com compaixão, competência e fé.
Ser camiliano é mais que uma função, é um jeito de olhar para o outro. É ver no doente o próprio Cristo, como nos ensina São Camilo, e fazer da técnica um instrumento de amor. É transformar o ambiente hospitalar, a universidade, a escola, o lar ou a paróquia em espaços onde cada pessoa se sinta acolhida, respeitada e valorizada.
Ao longo desses mais de 100 anos no Brasil, nós camilianos expandimos nossa atuação muito além dos hospitais: chegamos, juntos, a comunidades, universidades, centro de saúde, obras sociais e paróquias. Em todos esses lugares, o mesmo princípio permanece: cuidar não apenas da doença, mas da pessoa inteira – física, emocional, social e espiritualmente.
Celebrar o Dia do Camiliano é também renovar um compromisso. Em um mundo onde tantas vidas são feridas pelo sofrimento, pela solidão, pelo abandono, pela falta de cuidado e pela exclusão, somos chamados a ser presença viva de esperança. Como dizia São Camilo, “mais coração nas mãos”, um chamado que ecoa hoje com a mesma urgência que ecoou há quatro séculos.
Neste 15 de setembro, olhamos para trás com gratidão, reconhecendo os desafios e conquistas de quem abriu caminho antes de nós. E olhamos para frente com coragem, certos de que a missão continua. Que cada camiliano – de hábito ou jaleco, de Bíblia ou estetoscópio, ensinando ou aprendendo – sinta-se parte desta história e perceba que o seu gesto de cuidado, por menor que pareça, é um elo dessa corrente de amor que vem de Cristo.